Recentemente recebi uma mensagem do fundador de um destes grupos. Ele
informava que havíamos chegado a 1500 participantes, mas reconhecia que isso
era apenas um insólito número, porque uma ação recente para divulgação de
obra literária de um dos membros - sim, o grupo é formado por escritores,
autores e editores - teve a adesão de apenas três pessoas. Para quem gosta
de matemática, 0,2%. Como parâmetro, há 20 anos uma singela mala direta
despachada pelo correio era considerada bem sucedida quando alcançava
retorno da ordem de 3%.
Vamos aos fatos. Inicialmente, o e-mail está na UTI. Ferramenta de
comunicação sem precedentes, que aposentou o fax, permitindo com maior
objetividade compartilhar texto, som e imagem, está sucumbindo por seu mau
uso, em especial pelo envio indiscriminado de mensagens não autorizadas.
Hoje, um e-mail tem que passar por vários filtros para chegar ao destino.
Primeiro, os sistemas antispam. Depois, o lixo eletrônico. Finalmente, se
vencer estas duas etapas, caindo na caixa de entrada do destinatário,
restará saber se a mensagem será aberta - e lida.
Neste interlúdio surgiram as redes sociais para contemplar a latente demanda
por visibilidade destes tempos modernos. É como se cada pessoa assumisse o
protagonismo de seu reality show particular tornando público a cada instante
o que faz, por onde anda e o que pensa. Neste contexto, falta discernimento
na hora de postar uma mensagem qualquer e o resultado é que também estes
canais estão sendo prostituídos.
É assim que o Facebook está se tornando o novo celeiro de spams - um
autêntico Facespam. O volume de notificações cresce exponencialmente.
Experimente reunir todas as mensagens recebidas no decorrer de um dia e
depois selecione aquelas que lhe pareçam interessantes ou mostrem-se dignas
de leitura.
Com o Twitter não é diferente. Mecanismo fantástico para comunicação
objetiva e instantânea - exemplo de sua efetividade foi a interação entre
parentes distantes após o terremoto que afligiu o Japão em março de 2011 -
tem sido utilizado para difusão de mensagens descartáveis ou absolutamente
insignificantes. Um exemplo recorrente, adotado por muitos, é o envio de
citações de personalidades - frases motivacionais que cabem como uma luva no
restrito espaço de 140 caracteres. É por isso que o denomino chatwitter:
porque seguir alguém que usa deste tipo de expediente é uma tremenda
chatice!
O nome do jogo, no que tange à comunicação atual, é RELEVÂNCIA. Assim,
procure abordar temas que possam impactar positivamente as pessoas de seu
círculo de relacionamentos que desfrutem de interesses comuns. Tenha em
mente que menos é mais.
Além disso, procure gerenciar o tempo destinado ao acesso às mídias sociais.
Determine quantos minutos você irá dedicar a esta atividade, acessando as
redes apenas duas vezes por dia, no início do expediente ou no intervalo de
seu almoço e ao término da jornada de trabalho. No decorrer do dia, feche as
janelas, evitando a tentação de dar uma "espiadinha" no que estão
escrevendo.
Receber atualizações pelo celular é outro expediente que deve ser analisado
com critério, justamente porque a maioria das mensagens não tem qualquer
importância, funcionando como autênticos desperdiçadores de tempo. Estamos
nos tornando escravos cibernéticos, dependentes de smartphones e voltados a
relacionamentos superficiais formados por centenas a milhares de "amigos" virtuais. Entretanto, paradoxalmente estamos cada vez mais isolados e menos
sociáveis...
Tenha a tecnologia como sua aliada. As redes sociais devem estar a seu
serviço - e não você a serviço delas.
|
Tom Coelho:
é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em
17 países. É autor de "Somos Maus Amantes - Reflexões sobre carreira,
liderança e comportamento" (Flor de Liz, 2011), "Sete Vidas - Lições para
construir seu equilíbrio pessoal e profissional" (Saraiva, 2008) e coautor
de outras cinco obras.
Contatos através do e-mail [email protected].
Visite: www.tomcoelho.com
Imagem: www.freedigitalphotos.net |