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Um Minuto e Nada Mais
© 2008 Adolfo Breder
Há alguns anos atrás fui convidado para dar uma palestra sobre o mercado de cartões de crédito na Superintendência de um grande banco no Rio de Janeiro. Pelo menos este foi o tema que me informaram e para o qual me preparei.

Às nove horas em ponto cheguei ao local designado. Uma antecedência estratégica de trinta minutos. Fui apresentado como representante de uma administradora parceira, na qual respondia pelo atendimento. Cafezinho, água, uma sala refrigerada como camarim.

Faltando dez minutos para o início finalmente vem o responsável pelo convite. Explica para mim que resolveram iniciar um atendimento à sua rede de agências utilizando o telemarketing receptivo. Ele disse estar feliz com a minha presença, pois todos precisavam entender do assunto, e a palestra seria o início de um grande projeto!

A minha expressão de surpresa foi essa mesmo que você imaginou! A comunicação é um grande problema nas corporações de todos os tamanhos, mas nas grandes é um mega problema. Há ruídos de toda sorte.

Não deixei a peteca cair. Pedi 10 minutos mais para ajeitar a minha apresentação. Não adiantou. Não dava tempo! Telemarketing? Está bom, vamos lá! Pedi que apagassem as luzes do auditório e me dessem alguns nomes de pessoas presentes.


No escuro entrei cumprimentando a todos e especialmente meus colaboradores tal, tal e tal, de quem eu recebera os nomes. Pedi que, a partir do meu sinal, e sem consultar relógios, as pessoas se levantassem quando passassem 30 segundos.

A partir dos 12 segundos percebíamos gente se levantando. Aos 30 segundos as luzes foram acesas e mais da metade do pessoal já tinha se levantado.

Faça esta experiência. No escuro o tempo parece passar mais devagar.

A conversa pelo telefone é um diálogo cego. Só o silêncio e a voz são as referências. Quanto tempo de espera você suporta nas suas ligações? Isto varia de pessoa para pessoa, varia com o estado de espírito e, certamente, com a confiança conquistada pelo interlocutor.

Pesquisas internacionais indicam que quarenta segundos é um limite razoável. Desde a década de 90, nossos melhores call centers buscam atender 80% das chamadas em até 30 segundos.

Os serviços de atendimento a clientes (SAC) de concessionárias de serviços públicos, bancos e planos de saúde, entre outros, passaram a ser regidos por uma norma ditada pelo Governo Federal, a partir de 1º de dezembro de 2009.

Lá está dito que você vai esperar 1 minuto e nada mais. Este é o limite que as empresas não podem ultrapassar. Recentemente fiquei 20 minutos aguardando um atendimento. Há abusos inconcebíveis. Telemarketing é uma estratégia de comunicação com nossos clientes. Sua empresa tem usado ele corretamente?

Quanto à minha palestra, foi uma experiência agradável. A maioria já tinha conhecimento do assunto na sua prática como clientes. O susto da imersão no escuro foi uma experiência sensorial facilitadora da mensagem que eu queria transmitir: a qualidade na prestação dos serviços de telemarketing com base na empatia.

 

Adolfo Breder ( [email protected] ) é formado em Física, diretor da Callmunity ( www.callmunity.com ), palestrante, treinador e consultor nas áreas de Marketing de Relacionamento, Projetos de Responsabilidade Social e Telemarketing.

Este artigo foi publicado originalmente no portal Nós da Comunicação onde o autor é colunista.

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