Em reunião de diretoria num cliente, um dos dirigentes fez comentário sobre o seu cansaço devido à intensidade do trabalho. Na mesma semana, a revista Época publicou reportagem de capa com enorme título: DESACELERE, e subtítulo: "As vantagens de saber esperar num mundo dominado pela pressa".
O cansaço daquele dirigente é ou vai ser o de tantos outros que passam de certo volume de atividades e responsabilidades. Quando chegamos hoje a este certo volume, a tecnologia digital o multiplica com a maior facilidade.
Os desdobramentos ocorrem rápidos, em escala cada vez maior. A pessoa começa a perder o domínio, porém, luta para não perdê-lo, e aí a tecnologia passa a ilusão de que você tem condições de fazer muito mais do que pode. Mas, humanamente, é impossível, não temos a velocidade da tecnologia que nos pressiona, a corrente sanguínea está anos luz atrás da turbinada fibra ótica...
Junto aos desdobramentos das atividades e responsabilidades de trabalho, há ainda uma vida social, familiar e pessoal a ser cuidada, que igualmente tem suas exigências de atenção, carinho e retornos. Afinal, pessoas vitoriosas nos negócios crescem em solicitações também na... vida familiar e social!
Então, diante dos compromissos profissionais e pessoais acelerados pela tecnologia, o executivo começa a cometer erros ingênuos, a se dedicar pouco a cada mensagem, precipita na avaliação dos relacionamentos, planos, estratégias, e assim o estresse toma conta porque retornos ficam tão ruins quanto ao tratamento dado no início - retrabalhos, perdas de clientes, conflitos familiares, desgastes físicos, emocionais, saúde abalada etc
Surgem as consequências que assistimos no dia a dia:
- Ilusão do lucro . O preço formado num produto ou serviço foi diluído pelas falhas e retrabalhos;
- Prejuízo invisível . Corriqueiras divergências internas (equipes) e externas (clientes) que, acumuladas, corroem os resultados e as conquistas acumuladas ao longo dos anos;
- Pouso forçado . Se a pessoa não parar para cuidar da saúde, a saúde para com ela, cai a qualidade da emoção; é o que presenciamos em fatos ao nosso redor.
Precisamos domar a velocidade, colocá-la a nosso favor. É simples? Não, se tentar simplificar fica pior. Trata-se de exercício profissional e pessoal de acordo com o que a pessoa quer como qualidade de trabalho (ascensão e dinheiro com ou sem limite?) e de vida (maior ou menor atenção aos familiares e amigos?). Lembrar que estas escolhas até podiam ser simples, mas ficaram complicadas com a pressão da sociedade e do mundo corporativo digital, em particular, nas empresas familiares.
Daí, entra em moda novamente a "administração do tempo", o que vejo como algo fraco, burocrático. Precisamos mais do saber administrar tempo, temos sim é que dar um tranco na velocidade; de forma abrangente e bem decidida precisamos adotar a Gestão da Correria, um método para resgatarmos o domínio sobre nossas vidas nos negócios, família e sociedade. Temos que saber como frear e acelerar.